Sal e Pressão Arterial

Fragmentos do livro: The Salt Fix, 2017 – Dr. James DiNicolantonio

A hipótese era essa: No corpo, medimos a pressão sanguínea de duas maneiras:

A leitura máxima de uma pressão sanguínea é sua pressão sanguínea sistólica, a pressão em suas artérias durante a contração do seu coração.

A mínima é sua pressão sanguínea diastólica, a pressão em suas artérias quando o seu coração está relaxado. Quando comemos sal, a teoria é a seguinte, nos também sentimos sede – então bebemos mais água. Na hipótese de sal-alta pressão sanguínea, esse excesso de sal faz então com que o corpo se segure nesse aumento de água, de modo a diluir a salinidade do sangue. Então, o resultado do aumento no volume de sangue automaticamente levaria a um aumento da pressão sanguínea.

Nós acreditamos muito na restrição de sódio porque nós acreditamos muito na pressão sanguínea como métrica de saúde. Defensores do baixo teor de sal postulam que mesmo a redução de um ponto na pressão sanguínea (se traduzido para milhões de pessoas) reduziria na verdade acidentes vasculares e ataques cardíacos. Mas evidencias na literatura médica sugerem que aproximadamente 80% das pessoas com pressão sanguínea normal (menor que 120/80 mmHg) não são, de maneira alguma, sensíveis aos efeitos do sal no aumento da pressão sanguínea. Dentre aqueles com pré hipertensão (um precursor da alta pressão sanguínea), mais ou menos 75% não são sensíveis ao sal. E até mesmo dentre aqueles com total alta pressão, cerca de 55% são totalmente imunes aos efeitos do sal na pressão sanguínea.

As rigorosas diretrizes de baixo sal são baseadas em um palpite: nós essencialmente apostamos que os poucos benefícios da pressão sanguínea que vemos em alguns pacientes se estenderia a amplos benefícios para toda população. E enquanto apostamos nisso, nós encobrimos o ponto mais importante: por que o sal pode aumentar a pressão sanguínea em algumas pessoas e em outras não?. Se tivéssemos focado nisso, nós teríamos descoberto que consertar o problema fundamental – que não tem nada a ver com comer muito sal – consertaríamos completamente a “sensibilidade ao sal”.

Nós também presumimos que pressão sanguínea, uma medição transitória conhecida por flutuar dependendo de vários fatores de saúde, sempre foi impactada pelo sal. E por causa dessa incerteza sem fundamento, nós presumimos que o consumo de sal em excesso resultaria logicamente em resultados terríveis de saúde, bem como acidentes vasculares e ataques cardíacos.

Nosso erro foi considerar uma pequena amostra de pessoas – antiteticamente pequeno! – e extrapolar descontroladamente seus benefícios da baixa ingestão de sal sem sequer mencionar os riscos. Ao invés, focamos nas reduções extremamente minúsculas na pressão sanguínea, sem considerar completamente os inúmeros riscos a saúde causados pela baixa ingestão de sal – incluindo vários efeitos colaterais que na verdade ampliam nosso risco de doenças do coração – bem como aumento na frequência cardíaca; função renal comprometida e insuficiência renal; hipotireoidismo; altos níveis de triglicerídeo, colesterol e insulina; e, finalmente, resistência a insulina, obesidade, e diabetes tipo 2.

Talvez o mais ilustrativo dessa consideração descontrolada para o risco é o caso da frequência cardíaca. É provado que a frequência cardíaca aumenta com a dieta de baixo sal. Este efeito danoso ocorre em quase todos os que restringem sua ingestão de sal. Embora este efeito seja documentado mais minuciosamente na literatura médica, nenhuma propaganda de alimentos ou diretrizes nutricionais dizem, “Uma dieta de baixo sal pode aumentar seu risco de elevada frequência cardíaca. “ E o que tem maior impacto na sua saúde: uma redução de um ponto na pressão sanguínea ou um aumento de quatro batidas por minuto na sua frequência cardíaca?

 

Estudos recentes sugerem que a depleção (quantidades insuficientes) crônica de sal talvez seja o que os endocrinologistas chamam de “fome interna”. Quando você começa a restringir o seu consumo de sal, o corpo começa a entrar em pânico. Um dos mecanismos de defesa do corpo é aumentar os níveis de insulina, já que a insulina é capaz de fazer com que os rins retenham mais sódio nos rins. Infelizmente, níveis altos de insulina também podem “travar” energia dentro das células de gordura, e assim você terá dificuldades em mobilizar a gordura estocada na forma de ácido graxo ou armazenada sob a forma de aminoácidos para obter energia.

Quando seus níveis de insulina estão elevados, o único macronutriente que você pode usar de maneira eficiente como fonte de energia é o carboidrato.

Entendeu aonde isso tudo chegou?

Você começa a ter desejo por doces e carboidratos refinados loucamente, porque o seu corpo acredita que o carboidrato é a única fonte de energia viável

 

 

 

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