LEPTINA: A BUSCA POR UM HOMÔNIO REGULADOR

Dr. Alfred Frohlich da Universidade de Viena começou a desvendar a base neuro-homonal da obesidade em 1890; ele descreveu um jovem que teve um repentino aumento da obesidade e que eventualmente foi diagnosticado com uma lesão na área do cérebro chamada hipotálamo. Posteriormente, foi confirmado que danos no hipotálamo resultam em intratável ganho de peso em humanos. Isto estabeleceu a região hipotalâmica como uma chave reguladora de balanço de energia e determina também que é uma pista vital de que obesidade está relacionada a um desbalanço hormonal.

Neurônios nestas áreas hipotalâmicas são de alguma forma responsáveis por programar um peso ideal, a definição de peso para o corpo. Tumores cerebrais, lesões traumáticas e radiação nesta área provocam massivo aumento da obesidade que é frequentemente resistente ao tratamento, mesmo com uma dieta de 500 calorias por dia.

O hipotálamo recebe sinais identificando a energia recebida e gasta pelo corpo. Todavia, o mecanismo de controle ainda era desconhecido. Romaine Hervey propôs em 1959 que as células de gordura produziram um “fator de saciedade” circulante. A medida que os depósitos de gordura aumentaram, o nível deste fator também cresceu. Este fator circula pelo sangue até o hipotálamo, levando sinais ao cérebro para diminuir o apetite ou aumentar o metabolismo, deste modo reduzindo os depósitos de gordura até os níveis de normalidade. Desta maneira o corpo se protegeu de estar acima do peso.

A corrida para encontrar este fator de saciedade estava iniciando.

Descoberto em 1994, este fator era a leptina, a proteína produzida pelas células de gordura. O nome leptina é derivado de “lepto” do grego que significa magro. O mecanismo era similar ao proposto décadas antes por Hervey. Altos níveis de tecidos de gordura produzem altos níveis de leptina. Viajando pelo cérebro, ela diminui o apetite para prevenir estoques de gordura.

Raros casos de humanos com deficiência de leptina foram descobertos recentemente. Tratamentos com leptina exógena (que é a leptina produzida fora do corpo) reverteram drasticamente a obesidade mórbida que estava associada à deficiência.

A descoberta da leptina provocou uma grande agitação na indústria farmacêutica e comunidade cientifica. Surgiu um senso de que o gene da obesidade, tinha finalmente sido descoberto. Todavia, enquanto isto teve um papel crucial em casos raros de obesidade mórbida, ainda precisava ser definido se ela teria o mesmo papel em obesos comuns.

A leptina exógena foi administrada em pacientes com doses escaladas e nós assistimos ansiosos e sem ar enquanto os pacientes não perderam peso. Estudo pós estudo confirmaram este desapontamento esmagador.

A grande maioria de pessoas obesas não possuem deficiência de leptina, os níveis de leptina deles são altos, não baixos. Mas estes altos níveis não produziam os efeitos desejados de diminuir a gordura corporal. Obesidade é um estado de resistência de leptina.

Leptina é um dos hormônios primários envolvidos na regulação de peso para o ideal. Todavia, na obesidade ele é um hormônio secundário, pois falhou nos testes de causalidade. Administrar leptina não torna as pessoas magras. A obesidade humana é a doença da resistência de leptina e não da deficiência dela. Isto nos deixa com o mesmo questionamento de quando começamos. O que causa a resistência da leptina? O que causa a obesidade?

Fonte: Livro, Obesity Code, 2016 por Jason Fung.

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