Artigo extraído do jornal Noruegues Haugesunds Avis na segunda-feira 20 de agosto de 2018.

Um mãe norueguesa saltou da cadeira quando sua filha de 8 anos chegou em casa com o livro de inglês. Em um dos exercícios os alunos deveriam descobrir quem era o “mais gordo”.


A gente sentou para olhar o livro. Quando aparece um exercício que os alunos deveriam apontar qual o tipo de corpo as pessoas tinham“, disse a mãe ao jornal Romerikes Blad.

No livro de inglês do quarto ano do ensino fundamental, os alunos deveriam descobrir quais pessoas eram “muito gordas”, “muito magras”, “muito pequenas” ou “muito altas”.
Na escola tem sido trabalhado de maneira constante contra imagem corporal e as crianças são ensinadas que não se deve comentar sobre a aparência da outra pessoa.

Logo é muito errado que os alunos tenham que apontar não apenas quem é gordo mas também quem é muito gordo. Não é bom. A gente não deve dizer quem é muito gordo, ou muito magro, diz a mãe.

A filha também reagiu perguntando por que ela deveria aprender a dizer em inglês que uma pessoa é gorda. Não é menos prejudicial em outro idioma.

Ida Tajes trabalha com crianças e adolescentes.
O problema com a imagem corporal começa cedo para muitos. Tudo bem que é apenas uma página e um exercício. Mas ninguém pode chamar o outro de gordo apenas uma vez. Isso não é bom. Ponto.” Disse Ida Tajet.

Que bom que temos pais que observam isso. Estou completamente de acordo com a mãe. Isso não é bom. Eu acho que o único jeito de usar esse texto é conscientizando os alunos que a gente não deve comentar sobre a aparência do próximo. Isso está completamente errado. Parabéns aos pais que estão sempre alertas.” Disse a Diretora Jorunn Stokke da Escola Bønsmoen.

Um pedagogo deve sempre analisar os exercícios e textos. Mas mesmo se esse exercício não for utilizado pelo professor, muitos alunos irão vê-lo.

Todos nós temos consciência sobre essa questão sobre aparência e como isso pode ser prejudicial. O melhor é refletir sobre isso com as crianças e usar o exercício para isso.” Disse Stokke.

Ela não tinha pensando no exercício até que o Jornal entrou em contato.

A gente usa livro há anos e eu conheço outras escolas que usam como em Eidsvoll e outras cidades também. “Stairs” é um livro muito popular.

A AUTORA DO LIVRO NÃO PENSOU EM IMAGEM CORPORAL

A co-autora do livro, Marianne Vestgård, conta ao jornal RB que o objetivo do exercício é apenas treinar os pronômios “ele” e “ela”.

Por isso que foi utilizado pessoas“, disse Marianne Vestgård.

Ela trabalha a mais de 30 anos como professora e completa.

O exercício não tem nada a ver com aparência.

Quando a escola trabalha constantemente contra imagem corporal e as crianças aprendem que chamar alguém de gordo é feio, ela percebe que o exercício pode ser interpretado de maneira errada.

É claro que vai da interpretação de cada um. É diferente.
Vocês tinham que usar exatamente essas imagens e esses adjetivos?” Pergunta o jornal.
Não, claro que não. Mas a gente não pensou dessa maneira. É importante usar do bom senso. O tempo passa muito rápido. Mudanças acontecem. Os livros não conseguem acompanhar essas mudanças tão rápidas. Os livros tem que ser impressos. É um processo que leva anos.” Diz Marianne Vestgård.

Ela está totalmente de acordo que é sensato refletir a respeito do texto junto com os alunos e que não é necessário seguir o livro de A a Z.
Está tudo bem para você se o professor escolher não fazer esse exercício?
Claro.” Diz Marianne Vestgård.

A edição revisada de “Stairs” saiu em 2013.

Artigo escrito no jornal Bygdaposten.

 

Tradução e adaptação por Fernando Ramos – fernandolrramos@gmail.com

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